segunda-feira, 24 de março de 2008

Cousas da Babilónia

        Babilónia. Cidade antiquíssima, capital de sucessivos impérios, um dos berços da civilização. Lendas que nos chegam das brumas do tempo (sempre quis dizer isto) falam-nos de muralhas onde dois carros de guerra podiam andar lado a lado, dos relevos da porta de Ishtar, de canais de irrigação, dos putativos (adoro esta palavra) jardins suspensos...

Vista de satélite   

 

 

 

 Babylon_600BC_Painting

        Não vou estender-me aqui sobre a história da Babilónia porque iria adormecer muita gente, mas os senhores da Uiquipédia têm um artigo para quem quiser saber mais.

         Enfim, o seu nome é sinónimo de opulência, lei, sabedoria e... de uma base militar dos E.U.A..

Babylon_Ruins_Marines

       Pois é, parece que os nossos amigos decidiram que, do meio de todo o deserto iraquiano, aquele monte de insignificantes ruínas seria o local perfeito, perfeito, ferpeito para estabelecer uma base. Então toca a escavar e despejar alcatrão por cima daquilo porque de certeza que ninguém se importa.

       E porque é que devemos importar? Porque se trata de um dos legados mais importantes da história da humanidade e estão a passá-lo a ferro com tanques. Se mesmo isso não vos importar, importem-se por solidariedade para comigo e todos os outros geeks de História por aí. :P

        Salvo toda a m***a que o Saddâmio fez no Iraque (e foi tanta, tanta...), uma coisa ele fez mais ou menos bem: preservar a riqueza cultural da Mesopotâmia. O museu de história de Bagdade possuía tesouros incalculáveis (hoje pilhados) e foi iniciado um processo de escavação e restauro da Babilónia. Claro que, como qualquer ditador que se preze, o seu nome ia assinado em muitos dos tijolos e construíu um palácio gigantesco ao estilo babilónio no cimo das ruínas de outro mais antigo. Não fosse alguém esquecer-se quem era o chefe.

       E como parece impossível deixarem a cidade em paz, eis que são publicados os novos grandiosos desígnios que devem deixar o pobre Hammurabi às voltas na campa - um fabuloso parque de diversões temático! É isso, meninos e meninas, vão poder fazer rafting no Eufrates, trepar os jardins suspensos, tirar fotografias com os vossos personagens babilónios preferidos e comer autêntica cozinha babilónia (incluindo acompanhamento de pó e bolor com 2500 anos - para um sabor autêntico da antiguidade). 1

       No meio disto tudo já não sei sinceramente o que seria melhor. Turistas e dinheiro são sempre bem-vindos, mas juro que se vejo um McDonald's na Via Processional e putos irrequietos a trepar às estátuas me dá qualquer coisa má no cérebro. Ou isso ou desato à paulada. Mas ver as estátuas do Saddam ao lado de reis babilónios também me iam obrigar a fazer disparates. E ver a cidade a arruinar-se mais ainda às moscas também. E... Coiso.

       Enfim, só resta esperar que encontrem o precário equilíbrio entre preservar e dar a conhecer. A Babilónia agradece.

1 Créditos da piada vão para o Anti-Vilão. Eu também agradeço. :P

8 comentários:

Nimue disse...

Epá... estou sem palavras :S

Jan disse...

Espero que ao menos metam galinhas típicas no parque temático.

Não podem recriar uma cidade da antiguidade sem galinhas a correr livremente pelas ruas a tentar comer os atacadores às pessoas. :|

Anti-Villain disse...

Será que conseguem ver o que está escrito na parede? /piada bíblica rebuscada

Jan disse...

Tão rebuscada que eu não percebi. :|

Anti-Villain disse...

http://en.wikipedia.org/wiki/Writing_on_the_wall

Anónimo disse...

Sabor da antiguidade soa a sopa de cavalo cansado.

Jan disse...

Lol!

Não sabia que agora tinhas um vlogue. :P


Abraço!

Anónimo disse...

É.. a vida dá destas voltas; volta e meia tenho de arranjar uma maneira de dizer coisas estúpidas.