Babilónia. Cidade antiquíssima, capital de sucessivos impérios, um dos berços da civilização. Lendas que nos chegam das brumas do tempo (sempre quis dizer isto) falam-nos de muralhas onde dois carros de guerra podiam andar lado a lado, dos relevos da porta de Ishtar, de canais de irrigação, dos putativos (adoro esta palavra) jardins suspensos...
Não vou estender-me aqui sobre a história da Babilónia porque iria adormecer muita gente, mas os senhores da Uiquipédia têm um artigo para quem quiser saber mais.
Enfim, o seu nome é sinónimo de opulência, lei, sabedoria e... de uma base militar dos E.U.A..
Pois é, parece que os nossos amigos decidiram que, do meio de todo o deserto iraquiano, aquele monte de insignificantes ruínas seria o local perfeito, perfeito, ferpeito para estabelecer uma base. Então toca a escavar e despejar alcatrão por cima daquilo porque de certeza que ninguém se importa.
E porque é que devemos importar? Porque se trata de um dos legados mais importantes da história da humanidade e estão a passá-lo a ferro com tanques. Se mesmo isso não vos importar, importem-se por solidariedade para comigo e todos os outros geeks de História por aí. :P
Salvo toda a m***a que o Saddâmio fez no Iraque (e foi tanta, tanta...), uma coisa ele fez mais ou menos bem: preservar a riqueza cultural da Mesopotâmia. O museu de história de Bagdade possuía tesouros incalculáveis (hoje pilhados) e foi iniciado um processo de escavação e restauro da Babilónia. Claro que, como qualquer ditador que se preze, o seu nome ia assinado em muitos dos tijolos e construíu um palácio gigantesco ao estilo babilónio no cimo das ruínas de outro mais antigo. Não fosse alguém esquecer-se quem era o chefe.
E como parece impossível deixarem a cidade em paz, eis que são publicados os novos grandiosos desígnios que devem deixar o pobre Hammurabi às voltas na campa - um fabuloso parque de diversões temático! É isso, meninos e meninas, vão poder fazer rafting no Eufrates, trepar os jardins suspensos, tirar fotografias com os vossos personagens babilónios preferidos e comer autêntica cozinha babilónia (incluindo acompanhamento de pó e bolor com 2500 anos - para um sabor autêntico da antiguidade). 1
No meio disto tudo já não sei sinceramente o que seria melhor. Turistas e dinheiro são sempre bem-vindos, mas juro que se vejo um McDonald's na Via Processional e putos irrequietos a trepar às estátuas me dá qualquer coisa má no cérebro. Ou isso ou desato à paulada. Mas ver as estátuas do Saddam ao lado de reis babilónios também me iam obrigar a fazer disparates. E ver a cidade a arruinar-se mais ainda às moscas também. E... Coiso.
Enfim, só resta esperar que encontrem o precário equilíbrio entre preservar e dar a conhecer. A Babilónia agradece.
1 Créditos da piada vão para o Anti-Vilão. Eu também agradeço. :P
8 comentários:
Epá... estou sem palavras :S
Espero que ao menos metam galinhas típicas no parque temático.
Não podem recriar uma cidade da antiguidade sem galinhas a correr livremente pelas ruas a tentar comer os atacadores às pessoas. :|
Será que conseguem ver o que está escrito na parede? /piada bíblica rebuscada
Tão rebuscada que eu não percebi. :|
http://en.wikipedia.org/wiki/Writing_on_the_wall
Sabor da antiguidade soa a sopa de cavalo cansado.
Lol!
Não sabia que agora tinhas um vlogue. :P
Abraço!
É.. a vida dá destas voltas; volta e meia tenho de arranjar uma maneira de dizer coisas estúpidas.
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